Como é ter uma vida boa no Japão?
Depende do ponto de vista, mas considero vida boa, se você consegue pagar sua conta em dia.
Escrevo aqui, a minha EXPERIÊNCIA:
Como vivo hoje:
🏠 Tenho casa própria (35 anos de carnê)
🚘 Carro (usado)
🏢 Trabalho em uma subsidiária de conglomerado multinacional 🦣.
👩🏻💻 Consultoria em solução de plataforma para RH de empresa controladora (holding), é um cargo menosprezado já que a empresa coleciona gênios da engenharia.
🇯🇵 10 anos morando no Japão.
Minha ostentação vivendo no Japão:
🧾 Pago conta em dia, não devo a ninguém.
Minha família:
👱♂️Marido sem formação superior. Trabalha como operário em fabricação.
👧🏻 Uma filha, miniatura da minha mãe com caprichos da minha vó materna.
🐱 Um gato que trabalha como supervisora, mia toda vez que abro o microfone para declaração importante 🤙.
▪️Meu currículo:
🏫 Estudei no 🇧🇷 Brasil.
👩🏻🎓 Formada em Direito no 🇧🇷 Brasil.
📚 Formada em MBA em RH a distância 🇧🇷.
🗣TOEIC 936
🗣JLPT N1
▪️Trabalhei como:
⚖️ Estagiária em Justiça Federal 🇧🇷
👩🏻💼Tradutora e assistente administrativa de empreiteira 🇯🇵
👩🏻💻 Consultora laboral, Assistente de COO, mãe do Setor Internacional, Supervisora de avaliação de recursos humanos, e escrava 🇯🇵
👩🏻💻 Consultoria em solução de plataforma para RH de empresa controladora (holding) 🇯🇵
Como foram os 10 anos trabalhando no Japão.
🏴☠️ No Primeiro emprego:
💰 Salário mínimo, sem benefício.
🕕 6:00 acordar e fazer marmita, pq comida custa caro.
🕗 8:00 chegar no escritório pra abrir pro povo de Gemba 🏭
🕛 12:00 almoçar em 5 segundos pra atender o povo da fábrica, pq é o único horário que eles tem de querer resolver muita coisa.
🕖 19:00 chegar em casa para estudar.
📚 nessa época fazia Kumon para adultos, estudava por conta: comunicação no nível business, leis trabalhistas japonesas, administração de recursos humanos.
📚estudava pra conseguir ponto alto no JLPT e TOEIC.
🏴☠️ No Segundo emprego:
💰 1,3 vezes do Salário mínimo, com benefício do cargo, direito de chegar atrasada e sair qd precisar.
🕕 6:00 acordar e fazer marmita, pq comida custa caro.
🕖 7:00 deixar a menina na Creche.
🕛 12:00 almoçar em 5s pra atender o povo que quer reclamar. Lembrando que tinha cargo de mãe e escrava.
🕗 20:00 chegar em casa para ver a criança dormir, e estudar.
📚 nessa época fazia U-Can para certificação de escrivã administrativa, estudava por conta visto para trabalhar no Japão, contabilidade e direitos tributários e trabalhistas do Brasil, México, e Filipinas, e mais outros países que a consultoria tinha escritório.
📚 Final de semana me concentrava para arrumar um emprego que me pague mais trabalhando em casa. Mandei curriculum para mais de 500 empresas, passei por dezenas de entrevistas.
📚 Passava 2 horas que levava no tráfego, assistindo aulas do MBA a distância. Finais de semana estudando e elaborando TCC.
👱♂️ Marido cuida da casa e da criança, mesmo trabalhando.
🏴☠️ No Terceiro emprego:
💰 1,6 vezes do Salário mínimo, trabalho remoto, com toda ferramenta a servir, cursos e treinamentos a vontade, e o tal do bônus que é quase um animal mitológico.
🕖 7:00 acordar e tomar café com a filha.
🕣 deixar a menina na creche antes do batente.
🕛 12:00 almoçar, assistindo noticiário. No escritório, fico ouvindo as senhoras de outra subsidiária falar mal do chefe.
🕕 18:00 bater cartão, pois horas extras fica somente pra quem tem cargo, e a empresa conta com a cultura de tratar horas extras como se fosse algo muito errado.
📚 Final de semana passei me formando em MBA (USP-Esalq). Agora que estou formada, estarei passando tempo por aqui.
Como é viver fora do seu país de origem
Eu não tenho pais ricos
A única “herdeirisse” que me favoreceu sem meritocracia, foi ser filha de japoneses que fizeram questão de me cadastrar no sistema de cadastro de pessoas naturais do Japão (Koseki-戸籍). E por sorte da burocracia legislativa, me encontro nessa dupla nacionalidade empurrada com a barriga.
Tudo isso resolvi ser bem transparente, para mostrar ao leitor de que é possível lutar por oportunidade. Mas nenhuma luta é pacífica, muito menos segura. Quando resolve lutar, dói muito.
Mas não se engane.
Não estou aqui para mostrar um final feliz, tanto porque a minha luta vai ser contínua até a morte me descanse. Esse é o fardo que carrego.
O que mostro é a realidade nua e verdadeira.
De uma VIDA BOA no Japão, no meu ponto de vista.
Pois eu tenho uma vida boa.
Não precisei trabalhar desde criança em servidão.
Tenho emprego, que não é perigoso, de contrato estável, com pagamento em dia.
Tenho onde morar. A moradia qual pude escolher e exigir qualidade.
Guardo uns pé de meia, sonhando em passar a aposentadoria lendo no quintal.
E não é fácil.
Qualquer país oferece vida boa para aqueles que nasce segurando ticket para boa partilha.
Japão não é diferente.
Entretanto, a história do país começa com mitologia de deuses, e o país conta com uma elite um pouco diferente aos países europeus.
E ainda; Visitantes sempre dão prazer. Senão quando chegam, pelo menos quando partem.
O modo “omotenashi” serve para turistas e não para imigrantes.
Nesse site, tento informar, guiar, e dar esperança para dúvida de quem chega com muitos sonhos e compromissos.